"Os maus vivem para comer e beber. Os bons comem e bebem para viver"
Sócrates

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O doce tem que ser doce, como o amor tem que ser amor.

"É o tempo que você dedica à sua rosa, que faz dela uma rosa especial"
(Antoiné Saint Exupéry)


Hoje este blog vai ter uma vertente diferente. A começar do fato da frase citada acima, não ser sobre comida.
Lendo, vocês verão que na verdade, para mim, hoje essa frase resumiu as escolhas que se fazem na vida.

Venham comigo...vou falar de comida e amor.

Primeiro, olhem esse MA-RA-VI-LHO-SO sorvete. Aliás, chamar de sorvete é até ofensa. Vejam essa obra de arte:



E olha as mãos ansiosas tentando garfá-la. Ou colherá-la.

Esse é mais um segredo cuiabaníssimo: A sorveteria NEVASKA.

O sorveteiro de lá faz experimentos. Usa frutas, frutos, nozes da região e faz os próprios sorvetes. E, mais, ele reinventa os sabores dos clássicos. 

Aí em cima tem uma banana split com SEIS bolas. Uma delas é de castanha do pará, com pedacinhos da própria castanha. A banana é nanica. A calda é caseira... 

Ele é um artista. 

Vez ou outra me permito a extravagância de ir até lá e pedir uma dessas. O colegial é gigante (sim, vocês estão lendo corretamente: colegial, banana split...como nas sorveterias antigas e o melhor é que tudo é reinventado por ele).

A sorveteria fica quase no fim de uma rua tradicional de Cuiabá, a Barão de Melgaço. E, mesmo alguns cuiabanos não conhecem.

Mas quem não conhece, não tenha preocupação alguma. Ao chegar você será convidado a degustar o sabor que quiser até conseguir escolher seu sorvete. Em cada pazinha vem quase uma bola. Quando você termina a deustação provou sorvetes de laranja que parecem sucos, sorvete de bocaiúva, jabuticaba, leite condensado, doce de leite, amora, goiaba, manga, maracuja... GENTE! O sorvete de maracujá é maravilhoso!

Só não coloque o sorvete de maracujá na Banana Split - acreditem, sigam o meu conselho - eu já fiz isso. Ele escorreu e cobriu todos os demais sabores, levou meu amigo João dos Santos Júnior às lágrimas de riso.

Ou seja...lá é uma delícia. Não espere um ambiente lindo, ou sofisticado... é muito simples, mesas simples, um salão de sorveteria e só. Não é a embalagem: é o gosto do sorvete.

É o segredo. De fazer um doce ser doce e gostoso.

E é aqui que este post passa a ser um pouco mais reflexivo.

Esta fotografia está na memória da minha máquina já a tempos... porque ainda não tinha tido a oportunidade de usá-la. Até hoje.

Hoje à tarde recebi um convite para um casamento.

Em Cuiabá, ainda nos entregam o convite pessoalmente e a gente conversa um pouco. Quem me trouxe foi a noiva.

Fiquei absolutamente surpresa com o casal. Mas, contive a surpresa. Afinal? Quem somos nós para julgar o amor?

Foi algo que a noiva disse que me chocou. Ao invés de radiante, ela estava resignada e disse: "sabe lá o que é amor, né? É hora de casar. Comecei a sair com o meu noivo sem querer, e vimos que seria mais prático ficar juntos."

Gente... a banana split derreteu (pra usar o post), enquanto eu sorria para a futura esposa do futuro esposo do casamento prático.

E lembrei da frase de Saint Exupéry, que sempre me despertou imagens extremamente românticas. 

(Imagine-se comendo cada uma das bolas de sorvete de morango, chocolate, leite condensado e castanha do Pará, enquanto eu conto).

"É o tempo que você dedica a sua rosa que faz da sua rosa especial" 

Já ouvi isso em um outro casamento. Era lindo... os dois se amavam (amam) ficaram emocionados quando o celebrante lembrou que, outras rosas (pessoas) não deixarão de existir após o casamento. Mas o tempo dedicado um ao outro revela as qualidades, os defeitos dos quais se aprende a rir e que ainda irritam (o sorvete de maracujá tão delicioso que derrete.), e esse tempo é que torna um especial para o outro.

Porém, pela primeira vez, me veio a mente essa frase num contexto ruim. Receber o convite para um daqueles tais casamentos por comodidade - vejam só, não foi conveniência ou interesse, foi co-mo-di-da-de.
Imagine o tom de voz de alguém que vai casar, ou de quem vai comer uma banana split: "é... é prático".
Um era amigo do amigo que namorava a amiga da outra e na falta do que fazer, "ficaram", como é tão comum hoje em dia. E foi relativamente bom... Nada de espetacular ou fabuloso. E foram ficando, pelas boates da vida.
Mas o tempo foi fazendo com que vissem virtudes um no outro... Bom isso, né? São boas pessoas.
Mas, é bom para a amizade. Mas para a argamassa do casamento (ou chantilli de casamento, de união), essas virtudes devem despertar admiração, amor... e não o sentimento de praticidade.

Na banana split alí de cima não poderia faltar a cereja. Os sabores foram provados, escolhidos. Foi o que eu quis.
Não fiquei de olho no sorvete do outro... E, aliás, essa banana split foi tão bem escolhida que guardei sua fotografia um tempão para poder postar. Porquê ela era exatamente o que eu queria. 

Acho que assim são Uniões. São perfeitas a nossos olhos. De mais ninguém. Não são socialmente práticas porque o amigo do amigo acha que é. Não são simples, podemos errar na medida.... Mas são nossas.

Aliás, indico a sorveteria NEVASKA, mas este sorvete foi composto só por mim.

E aí, o título do post: O doce tem que ser doce, como o amor tem que ser amor.

E não há nada de prático na escolha do amor. Nem na escolha do sabor da banana split. 

Pra terminar, uma fotografia quase igual à primeira. QUASE. E cuidado com o QUASE.